quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Budos Band


A cara é pálida mas o som é melanina pura. Assim é a Budos Band, mais uma banda que faz parte de uma enxurrada de bandas atuais que trazem de volta o groove pesado do funk e do afrobeat dos anos 70. Com influências nítidas do pai do afrobeat, o nigeriano Fela Kuti e também do expoente do Ethio Jazz, o etíope Mulato Astatke, a Budos Band consegue fazer um trabalho contagiante e de extremo bom gosto.

Os metais dão um tom retrô, os beats marcam o tempo e por aí se vai numa montagem de funks e ritmos fortes que só não são afrobeat porque os rapazes não cedem facilmente à cadência cíclica de transe que os mestres da Nigéria conseguiram levar até para música pop. No som deles, aqui e ali se ouvem ecos de jazz, a influência de Mulatu Astatke se manifesta nos arranjos de metais que vão além dos ataques de ritmos, se aventurando confortavelmente por melodias e improvisos. (Valeu a dica Yuri!)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Los Porongas


O ano de 2007 foi um ano particularmente especial para a banda acreana Los Porongas. Formada em 2003 por Diogo Soares (voz), João Eduardo (guitarra), Márcio Magrão (baixo) e Jorge Anzol (bateria), a banda se mudou em maio do ano passado para São Paulo, depois de lançar seu disco no Acre, no intuito de deixar de ser uma das promessas do rock brasileiro para se tornar definitivamente um nome respeitado no cenário nacional.

Desde que chegaram a São Paulo, os Los Porongas fizeram trinta shows em mais de sete cidades, gravaram dvd pelo Itaú Cultural, se apresentaram por três vezes ao lado do guitarrista Dado Villa-Lobos, voltaram ao Acre duas vezes para apresentações memoráveis e tocaram em várias casas rocker da capital paulista além de percorreram o Circuito Fora do Eixo de festivais independentes.

Em 2007 a banda foi destaque em vários veículos de mídia. No Brasil, a Folha de São Paulo, Jornal da Tarde, Revista do Fantástico, Revista da MTV, Rolling Stone Brasil e vários sites de notícias como UOL e G1, deram matérias com os acreanos. Este também foi o ano em que os Los Porongas começaram a aparecer lá fora. A Rolling Stone latina fez ótima crítica para o disco, a revista espanhola Zona de Obras lançou uma coletânea com a música Enquanto Uns Dormem e a revista Brazuca, destinada ao público brasileiro residente na França e na Bélgica apontou os Porongas como uma das revelações brasileiras.

Mas o que deixou os acreanos mais contentes foi a constância que os Los Porongas tiveram nas tradicionais listas de melhores do ano, feitas por críticos musicais e veículos especializados. O show no Festival Varadouro foi considerado por Bruno Dias do Urbanaque e por Humerto Finatti da Dynamite como melhor show nacional do ano. O disco de estréia também não ficou de fora das listas. A Rolling Stone Brasil o classificou entre os 25 melhores nacionais e a bolacha foi incluída nas listas do Music News; do programa Alto-Falante(MG); do Cult 22(DF); do Espaço Cubo(MT), do site Dynamite(SP), do produtor Bruno Montalvão(SP), da Mundi Editora (SC), entre outras, muitas vezes sendo considerado como o melhor ábum de 2007.

"Na voz e letras de Diogo Soares e na guitarra dissonante de João Eduardo estão depositadas as esperanças do rock nacional. Canções como "Espelho de Narciso", "Suspeito de Si", mas principalmente "Enquanto Uns Dormem", nos fazem pensar e ver que a música pode ir além de forma simples e honesta. Los Porongas coloca esses jovens acreanos na vanguarda da música nacional, e isso é apenas o começo.", Rolling Stone Brasil.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Gil e Jorge - Ogun Xangô


Era noite. Na caixa esquerda, Gil. Na direita, Jorge. Na mesa, algumas garrafas de Jurubeba e algo mais. Dois violões, duas vozes, alguma percussão e um pouco de baixo.

O ensaio desta jam começou antes, em trocas mútuas de referências, influências e uma cumplicidade de levada e de cor. Começam sob a benção do condutor São Cristóvão, um santo carioca, e evocam Gandhi, quase um orixá por seus filhos baianos.

O vinil duplo hipnotiza, ultrapassa os 74 minutos de um CD, tiveram que cortar a viagem dos pretos (Pq fez isso, hein Polygram?). Mas já era dia, o disco estava pronto.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Don Drummond


Também conhecido como "Don Cosmic" nasceu em 1943 na capital jamaicana e assim como muitos outros jovens da periferia de Kingston estudou música na Alpha Boys School (que formou muitos dos grandes nomes da música jamaicana na época).

Em 1954 foi escolhido como melhor trombonista da escola e em 1955 começou a tocar com Tommy Mc Cook e Roland Alphonso. Recebeu ainda suporte de Clement "Coxsone" Dodd, que tocava trechos seus em suas sound systems.

Don Drummond gravou mais de 300 músicas antes de morrer com apenas 27 anos. Em 1964, sob supervisão de Coxsone, o tecladista e diretor musical Jackie Mittoo começou a contratar os melhores músicos da Jamaica para criar um som que dominaria a cena musical local nos anos que se seguiriam. As sementes do Skatalites eram Jackie Mittoo ao lado de Johnny Moore no trompete e Lloyd Knibbs na bateria.

Don Drummond não era só um gênio. Seu prestígio com os ourtos músicos começou como um sonho e se tornou uma história de esperança para qualquer garoto dos guetos que tocava música. Isso porém começou a trazer stress e problemas para Don Drummond. A pressão da fama junto a sua saúde mental que piorava cada vez mais seria uma bomba para a carreira do músico. Em 1965 foi achado o corpo de Anita Mahfood e Don Drummond preso como autor do homicídio.

Após condenação e exames foi mandado para o asilo Belle Vue onde morreu em 1969, mas a história não termina aí. O baterista Hugh Malcolm rasgou o atestado de óbito do serviço funerário, se recusando a acreditar na história oficial. Assim como muitos na Jamaica, Malcolm acha que a morte de Don Drummond não foi suicídio. A teoria é que Don Drummond apanhou até sua morte, espancado por guardas, com o aval do governo que era contra a cena musical de West Kingston e contra o crescimento rasta.

A história desse cara não é simples, são um conjunto de teorias que tentam desvendar esse caso, mas a verdade é que Don Drummond era um homem doente e juntamente com a pressão da fama vivia sua vida no fio da navalha. A história da sua vida e música é a típica história do gênio que termina em tragédia. Para terminar, as palavras de um homem que conheceu e trabalhou com Don Drummond, o grande Tommy Mc Cook, sobre o início do Skatalites:"O line up incluía Don Drummond. Ele era realmente fantástico tanto como compositor como instrumentista. Não tinha truques. Ele simplesmente pegava qualquer base de ska e transformava aquilo em diamantes."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sonantes - Céu, Dengue, Pupillo, Rica e Gui Amabis


"Ilmos. Senhores(as) proprietários de aparelhos auditivos por ventura bloqueados, venho por meio desta solicitar-lhes a desobstrução de suas vias. É chegada a hora e a vez da cotonete! Reconheço, é bem verdade que nessa era caracterizada pela overdose de informação, a reação de tapar as orelhas muitas vezes faz sentido, pois o BPM da vida moderna acelera mais e mais a cada novo amanhecer, e nem sempre existe a chance de separar o joio do trigo.

E, por isso mesmo, chamo atenção a esse... momento, esse encontro, essa convergência denominada Sonantes. Sim, porque nesse caso, “projeto” não é termo que explique bem a intenção. Afro, latino, cancioneiro, modernamente eletro-acústico, pernambucano, planetário, o disco se coloca, de maneira espontânea e imponente, na linha evolutiva da música daqui, ao valorizar muito a composição e a interpretação.

Céu, a cantora que deslumbrou o Brasil e o mundo mas não se deslumbrou, é a voz que conduz esse trabalho, que, vale deixar claro, não é seu aguardado segundo álbum, mas uma verdadeira conseqüência do cotidiano. Tanto ela e seu parceiro Gui Amabis (compositor e produtor de background cinematográfico), quanto o irmão dele, o também produtor e trilheiro Rica Amabis (Instituto), e a dupla Dengue e Pupillo, mais conhecida como A Cozinha Da Nação Zumbi, residem todos no mesmo conjunto de prédios, nas Perdizes Paulistanas. Então, muito além dos palcos e estúdios, os cinco responsáveis centrais por essa obra dividem também as contas, o lanche na padaria, as piadas de bairro e os dias chuvosos. Quando os últimos se juntaram sob a alcunha de 3 Na Massa, o espírito já era meio esse, mas a troca das várias cantoras (convocadas para a estréia deles) pela dupla do edifício ao lado intensificou largamente o clima Lá Em Casa, que é uma das cores mais marcantes, um dos trunfos dos Sonantes. Isso sem falar em outro trunfo chamado Jorge Du Peixe. O linha-de-frente da Nação é praticamente uma entidade que páira sobre o disco todo. Primeiro, a primeira faixa: regravada aqui, Carimbó foi, lá nos idos de Rádio S.AMB.A., um dos mais importantes passos na construção do estilo-próprio de vocal que ele lapidou nos trabalhos seguintes da NZ. Depois, o cara co-assina a arte do encarte e ainda deu nome à criança. Fora ele, outros comparsas, como Siba, Lúcio Maia, Beto Villares, Daniel Bozio, Toca Ogan, Fernando Catatau, Gustavo Da Lua, Pepe Cisneros, Sergio Machado, B-Negão e Apollo 9, também chegaram junto e contribuíram com performances (e, em alguns casos, composições) que completam o panorama em grande estilo.

Agora, já ciente da receita, resta aos homens e mulheres de boa vontade apenas a opção de deixar os Sonantes soarem, e se deliciarem.
Sem mais, me despeço, desejando boas audições.
São Paulo, Natal de 2007,
Rodrigo Brandão."

(baixar o som)
(*link sombarato)

Frevo no Mundo


Ainda ando cheio de Olinda e Recife. Continuo escutando os frevos de bloco e pesquisando um pouco sobre suas hitórias e saudades. De todas as homenagens aos 100 anos do frevo realizadas desde o início de 2007, a menos tradicionalista foi o projeto Frevo do Mundo.

Aqui o frevo sopra centenárias velas num inédito diálogo da escola de metais de pernambuco com novos talentos do Brasil. Os artistas reconstroem clássicos do carnaval recifense como se fossem composíções suas. Até a típica marcação binária às vezes se dilui.

No Frevo do Mundo, os elementos aparentemente distantes do gênero - como sutis batidas eletrônicas, solos suaves de piano e violão - ressaltam esse mosaico sonoro das tradicionais orquestras. É a construção de um novo idioma. Isso até acontece verdadeiramente no frevo de rua que às vezes se infiltra no choro, no jazz e no erudito diferente do frevo pernambucano com letra que raramente experimenta novos caminhos. Em geral se conserva em apitos e bumbos.

Frevo do Mundo inova ao mostrar uma dezena de maneiras diferentes de cantar frevo-de-bloco e frevo-canção. O repertório reúne temas famosos e melodias menos familiares, mostrando que essa música pode ser ouvida não só no maravilhoso agito do carnaval mas também no sofá, no carro e em qualquer época do ano. Aqui a tradição se mantém e a novidade surge, tentando contribuir para a evolução do ritmo. Destaques para "é de fazer chorar" com Eddie (foto acima), "frevo da saudade" com Céu e "o dia vem raiando" com Orquestra Imperial. Mas, na verdade, é frevo, é frevo, é frevo!!!

(baixar frevo do mundo)


1. é de fazer chorar - eddie
2. fogão - joão donato
3. frevo de saudade - céu e 3 na massa
4.
metendo antraz - mundo livre s/a
5.
o dia vem raiando - orquestra imperial
6.
oh, bela! - china e sunga trio
7.
só presta quente - ortinho
8.
os melhores dias da minha vida - siba e a fuloresta
9. saudade - cordel do fogo encantado
10. paraquedista - isaar de frança
11. isquenta muié - flor de catus
12. frevo n°1 do recife - edu lobo
13. papel crepom - erasto vasconcelos
14. cabelo de fogo - orquestra popular da bomba do hemetério

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Candido Camero


Candido Camero nasceu em Havana em um bairro chamado El Cerro no ano de 1921. Em Cuba, ele é conhecido como o Rei da Conga, foi ele o pioneiro na utilização de duas congas e depois três ao mesmo tempo. No passado, os congueros contentavam-se em tocar em um único instrumento.

O som dele é demais, a conga nervosa e o baixo pesado somados aos metais e solos de guitarra fazem uma fusão de ritmos afro-cubanos com um groove funky do inicio dos anos 70. Candido teve forte preseça também na cena do hard bop na Nova York dos anos 50, de onde naturalmente foi para o soul jazz. Entre as feras com quem tocou estão Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Machito e nosso maestro Antonio Carlos Jobim.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Jards Macalé - 1972


Jards Macalé, primeiro disco do cantor carioca, é um dos trabalhos mais inusitados da música brasileira. Um disco até hoje duro de ser conceituado - e por isso mesmo genial, e tantas vezes esquecido. Feito após Jards ter passado por experiências diversas como músico, o álbum marcava sua transição para a via pop, revolucionando a música brasileira ao mesclar rock, samba, eruditismo, jazz, bossa-nova, tropicalismo, melancolia e sofrimento em doses cavalares. Gravado às pressas, da forma mais minimalista possível (com Jards no violão, Lanny no violão solo e no baixo e Tutty na bateria), o disco traz uma sonoridade crua, anti-comercial, com letras que chegam a soar punks. O LP abre com "Farinha do desprezo", quase um anti-rock, desconstruído, misturado com samba e jazz (a letra: "só vou comer agora da farinha do desejo/alimentar minha fome para que nunca mais me esqueça/como é forte o gosto da farinha do desprezo"). "Revendo amigos" chegou a ir 12 vezes para a censura, encucada com versos como "se me der na veneta eu morro/se me der na veneta eu mato".

A ousadia custou caro: Jards Macalé acabou tendo pouca tiragem e logo foi tirado de catálogo. O cantor iniciou uma série de shows, mas continou com problemas de colocação no mercado.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Cheikh Lo

Em minhas andanças por sites de Afro Beat, deparei-me com Cheikh Lo, ao escutar as primeiras músicas já comecei a procurar por mais e mais. O cara é uma fusão viva de estilos sonoros que contagia. Você não sabe muito bem se é Fela Kuti ou Música Cubana, e tudo muito bem orquestrado.

Cheikh Lo nasceu em burkina faso, na áfrica ocidental. Filho de senegaleses, cresceu rodeado de uma ampla variedade cultural e lingüística, e percorreu diversos países, não só da África - Senegal, Mali, Camarões - como da europa e da américa - França, Inglaterra, Cuba, Brasil. Toda essa variada bagagem acabou se refletindo inevitavelmente em sua obra, que apresenta uma mistura de influências de ritmos como o balax senegalês, a música bambara do mali, o souk do Zaire e ainda o afro-beat, o soul, o reggae, a guajira cubana e até a percussão bahiana. Outra marcante característica da música de Cheikh Lo é a intensa espiritualidade, perceptível e tocante mesmo a quem não entende a letra - afinal, suas canções são compostas em wolof, sua língua natal.

O primeiro álbum que baixei dele foi o disco Lamp Fall, de 2005, que ele lançou após um intervalo de 5 anos sem gravações, ele apresenta um artista original e surpreendente. Segundo ele próprio disse numa entrevista que achei, "o tema do álbum é a minha África, trata-se de um apelo contra a guerra e a pobreza. Mas também em favor do amor, da religião e da espiritualidade". Essa homenagem ao continente negro está presente não só na temática, mas também nos arranjos ousados e únicos, resultados de uma bem arrematada costura das várias Áfricas conhecidas pelo músico em suas peregrinações.

Preste atenção na faixa senegal-bresil, que mistura os tambores n'dokh's aos do nosso ilê aiyê, presente em trechos gravados em Salvador, Bahia.

(baixar lamp fall)

01) Sou
02) Lamp Fall
03) Xale
04) Kelle Magni
05) Senegal-Bresil
06) Sante Yalla
07) Toogayu M'Bedd
08) N'galula
09) Sama Kaani Xeen
10) Bamba Mo Woor
11) Fattaliku Demb
12) Kelle Magni (Encore)
13) Zikroulah




(baixar bambay gueej)

1. M'Beddemi
2. Jeunesse Senegal
3. N'Jarinu Garab
4. Bambay Gueej
5. N'Dawsile
6. Africaden
7. Bobo-Dioulasso
8. N'Dokh
9. Zikr

Bonsucesso Samba Clube


Em meados de 1999, surge o Bonsucesso trazendo já de batismo o nome de uma comunidade da cidade de Olinda. Samba Clube, uma justa homenagem ao Buena Vista Social Club – grêmio de festejados artistas cubanos. A interação entre Cuba e Olinda não era à toa, principalmente, porque ambas comungam de uma realidade toda especial – lugares carentes, mas que sobrevivem graças à inventividade de seu povo. A cidade de Olinda serve como pano de fundo e inspiração para a pluralidade sonora da banda, que mistura sons que abrangem do reggae e ao ska jamaicanos, do afro-beat passando pela música latina e do Norte do Brasil, assim como o samba, o coco de roda e demais ritmos pernambucanos.

Foi este engenho que impulsionou a banda a abrir caminho na música brasileira. O início da carreira é marcado por apresentações em eventos com a presença de amigos. Não tardou, o Bonsucesso estrearia nos principais palcos de Pernambuco, como o Soul do Mangue, Rec-Beat e Abril pro Rock, só para citar alguns. Na medida em que afinavam o repertório, gravaram no estúdio Batuka (do integrante Berna Vieira, na época ainda um estúdio caseiro).

Posteriormente, surgiu a proposta de produzir um álbum com o Selo Instituto e, em 2003, lançam o CD homônimo Bonsucesso Samba Clube de forma independente, em co-produção entre os selos YB e Instituto, com distribuição da Trama Music. Este disco conta com a participação de Otto (Ex- Mundo Livre S/A), Rica Amabis e Ganja Man (Instituto), Jorge Du Peixe e Pupilo (Nação Zumbi), Tiago de Melo (Songo), Karina Buhr (Comadre Florzinha), entre outros.

Sucesso de crítica e público em shows nas principais capitais do país e em sua primeira turnê na Europa, Bonsucesso Samba Clube foi aclamado como um dos melhores álbuns de 2003. Não à toa, as faixas de trabalho do disco “O Samba Chegou” (direção de Leo Crivellare) e “Pensei Se Há" ( diretor Helder Santos), estrearam na MTV, sendo este último indicado ao VMB como clip independente.

Não tardou veio o segundo cd da banda "Tem arte na barbearia". Nele, o sexteto olindense não poupa instrumentação e experimentalismos, mergulhando em uma proposta visceral, trabalhando arranjos e melodias. O álbum consegue aliar poesia nordestina às agruras e alegrias do homem contemporâneo, com esmero e originalidade em 14 faixas. A barbearia de Seu Isnar é o ponto de partida de Roger Man, vocal; Chico Tchê, baixo; André Édipo, guitarra; Berna Vieira, escaleta, teclado e percussão; Gilsinho, percussão; e Raphael B, bateria e percussão, que apresentam diversidade musical com um set de canções bem elaboradas. É sentar e ouvir...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Obrigado Pernambuco!!!


Pra quem nunca esteve em Recife e Olinda durante o carnaval, só tenho uma coisa a dizer: vá! É algo difícil de explicar, só se entende estando nas ladeiras de Olinda ou nas ruas do Recife Antigo: é história, folia, alegria, é festa popular com crianças, jovens, turistas, idosos, todos cantando a história do Recife nos frevos de bloco. E são justamente nos versos destes blocos que está a melhor parte da poesia do carnaval pernambucano, é um misto de saudade, evocação e louvor. "É bonito pra porra".

Quando se fala em frevo, todo mundo se lembra de dançarinos com sombrinhas coloridas, fazendo acrobacias nas ruas de Pernambuco. Mas a música agitada, que não deixa ninguém ficar parado, é apenas um tipo de frevo.

Basta trocar a energia dos carnavais, pela saudade. Deixar o ritmo um pouco mais lento, a melodia mais melancólica. No lugar das orquestras com metais, entram em cena violões, bandolins, corais... Este é o Frevo de Bloco, a trilha sonora de amores que não acabam na Quarta-feira de Cinzas. Vivem o ano inteiro. É meio lento, cadenciado, mas é frevo: a música oficial de Pernambuco. Não aquele frevo rasgado, de passos acrobáticos que faz o povo ferver no carnaval. É o Frevo de Bloco, que convida a dançar abraçado, passo a passo, subindo e descendo as ladeiras de olinda. É frevo com cara de serenata.

O figurino colorido é parte da poesia, zelo de quem faz Frevo de Bloco por amor. Há quem diga que esse amor contagia. Uma tradição que une gerações há 30 anos. Festa de pais, filhos e netos.

De tudo que já se falou sobre Frevo de Bloco, o que mais identifica esse tipo de música é a saudade. Os frevos de bloco cantam saudades da cidade, de antigos carnavais, saudade de uma data, de alguém especial. Uma saudade boa, que traz de volta bons momentos e que me faz arrepiar ao ouvir seus versos. Fiz uma seleção dos Frevos de Bloco que mais se fizeram presentes nesse carnaval de 2008.

De peito cheio grito para todo mundo ouvir: SALVE PERNAMBUCO!!!!! E até 2009 !!!


01 - Madeira que cupim não rói
02 - Evocação 01
03 - Último regresso
04 - Elefante de Olinda
05 - Hino da pitombeira
06 - Fantasia elefante
07 - Hino da ceroula
08 - Hino de batutas
09 - Aurora de amor
10 - Hino da troça
11 - Cabelo de fogo
12 - Luand´agora

(clique aqui para baixar)

(link alternativo)

Bande Ciné


Bande Ciné é um sexteto que faz releituras de música pop francesa da década de 60 e 70. Surgido em Recife em meados de 2007, a Bande Ciné faz um som dançante, cheio de balanço, com pitadas de jazz, bossa nova, iê-iê-iê, breginha e chachacha, passando ao largo do clichê das famosas chansons françaises. No repertório do grupo figuram músicas de cantores como France Gall, Dalida, Brigitte Bardot, Serge Gainsbourg, entre outros.

As primeiras idéias do projeto começaram a surgir em 2004 quando o cineasta Raul Luna apresentou o disco France Gall - Lounge Legends à Filipe Barros (guitarra e voz). O albúm apresentava um mistura muito peculiar de referências, produzindo um som extremamente pop e dançante, cheio de nuances com uma grande riqueza de arranjos. Após esse primeiro contato foi natural buscar outras referências e observar o quanto a maioria desses artistas foram influenciados pela música brasileira sobretudo a bossa nova e samba, e como o sucesso dos Beatles e do rock inglês terminou ofuscando a importância desses artistas.

O interessante é que o repertório da Bande Ciné não é estático e está sempre sendo renovado e incorporando novas canções. A banda traz sucessos como Tu Veux Ou Tu Veux Pas, versão francesa da composição "Nem Vem Que Não Tem", de Carlos Imperial, bastante popular no Brasil na voz de Wilson Simonal e Sympathique, canção da década de 1930 regravada pela Pink Martini sessenta anos depois. Figura em seu set list a música Tu Vuo' Fa L'Americano, de Renato Carosone, conhecida por integrar a trilha sonora do filme "O Talentoso Ripley".


O resultado da soma de todos esses elementos é uma proposta original e divertida produzida por Thiago Suruagy na bateria, Bruno Vitorino no contra-baixo, André Sette no teclado, Demóstenes no trompete, Filipe Barros na guitarra e voz e Tatiana Monteiro na voz.