terça-feira, 27 de maio de 2008

Miles Davis - Doo Bop

Doo Bop, o último trabalho em estúdio de Miles, junta levadas e letras próprias do rap, incrementadas com os marcantes improvisos do trompete de Davis. Improvisos estes que servem muito bem às faixas desse disco, que se tornou uma referência da mistura entre jazz e hip hop.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Alessandra Leão - Brinquedo de Tambor


Considero Pernambuco o maior foco de resistência da cultura popular brasileira. E fundamento a minha opinião não apenas pela quantidade de bons livros e discos lançados por lá, mas pelo número de eventos em que vejo a presença de Pernambucanos.

Alessandra Leão é um nome emergido desse lago fértil. Desde os tempos em que integrava o grupo Comadre Florzinha, juntamente com Isaar e Karina, sua contribuição para os temas musicais regionais do Nordeste já a credenciava como conhecedora rica da cena regional.

"Brinquedo de Tambor" é um disco a ser observado com muita atenção e de forma detalhada. Seja pelo prazer que sua audição nos proporciona seja pela importante visita que faz ao maracatu, a ciranda e ao samba de terreiro, tratamos aqui de uma obra madura de uma jovem consciente de sua missão na arte de seu país. A moça faz bonito!!!! Já teve privilégio de trabalhar ao lado de músicos como Antônio Carlos Nóbrega, Siba, Silvério Pessoa, Zé Neguinho do Coco, entre outros...

"No interior de Pernambuco festa é brincadeira; música e dança são brinquedos. Coco é um brinquedo; Maracatu também, Cavalo-marinho, Ciranda... tudo é brinquedo e tudo é samba". Com estas palavras Alessandra começa a apresentar didaticamente o contagiante "Brinquedo de Tambor", um disco de festa e, contraditoriamente, melancólico.

(brinquedo de tambor - alessandra leão)

Pra quem curtiu o som vai rolar uma festa massa com discotecagem de uma amiga minha e show da Alessandra Leão, dia 30 de maio. Só se ligar no flyer abaixo!!!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

The Incredible Bongo Band

The Incredible Bongo Band foi idealizada e organizada pelo percussionista e manager da MGM Records Michael Viner. É uma sonzêra única, de estúdio, que foi gravada em 73 e 74, e que, em 2006, foi relançada em um álbum só.

“Bongo Rock” teve uma importância fundamental na criação do hip-hop. Foi com ele que Kool Herc mostrou ao mundo, na faixa “Apache” (originalmente gravada pelo The Shadows, em 1959), o começo do que viria a ser a mixagem. Usando dois discos iguais e repetindo somente o break de bateria, deixando a batida infinita pros mc’s rimarem em cima.

Sem falar que “Apache” é uma das músicas mais sampleadas da história. Desde Kool Herc, Grandmaster Flash e Sugarhill Gang, indo aos mais atuais como Jurassic 5, Beastie Boys, Missy Elliot, e também, em outros estilos como aconteceu em músicas do Moby, Massive Attack, Coldcut e etc.

Saindo do hip-hop, falando do disco em si: é espetacular! É um álbum incrível quando se pensa em bateria e percussão. Muito disso, se deve a duas pessoas: o percussionista nascido nas Bahamas, King Errisson, que inspirou o nome do grupo. Esse cara simplesmente destruía nos bongôs, tocando com uma inventividade difícil de encontrar. Hal Haine, o baterista da banda, toca com perfeição as linhas de batera e no decorrer das músicas, percebe-se vários duelos entre os dois; bateria e percussão. É de babar galera!!!!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Projeto Cru


O Projeto Cru é o estado BRUTO do som em processo de criação, manifestado através da diversidade de timbres que soam da bateria, da percussão, do contrabaixo acústico e elétrico, das pick ups, samplers, latas, panelas... traduzidos em temas instrumentais com dosagem grande de ritmos brasileiros, afro-cubanos, africanos... A mistura é o ponto X, música afro-indígena, côco'n'bass, samba funk de frigideira, caboclinho'n'roll... Com a batucada de Simone Soul (foto acima), envolvida numa busca de sonoridades através de seus variados tambores, e com melodias e texturas desenvolvidas pelos baixos, sinths e samplers de Alfredo Bello, e agora com os sopros variados de Marcelo Monteiro, o projeto caminha sem regras nem limites.

Projeto Cru é a música intuitiva, livre, inusitada, decodificada, a música cerebral, intensional, o ritualistico, o regionalismo, o ecletismo, a música que incomoda, em alerta, a que acomoda, em conforto, a livre expressão. Sonzêra de responsa que quem sabe admirar!!!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Yusef Lateef


Yusef Lateef foi um dos pioneiros, senão o precursor, da inclusão de instrumentos e sons orientais dentro do Jazz. Tenho pra mim que saxtenorista e flautista Yusef Lateef foi o primeiro a abrir o Jazz para as novas sonoridades da World Music ainda no início da década de 60.

A inquietude de Lateef é conhecida: tocou em big bands (se revelando, inclusive, na big band de Dizzy Gillespie), foi um dos saxtenoristas de grande brilho no bebop e hard bop na década de 50 e 60. Se converteu ao islãmismo na década de 50 e, já apartir da década de 60, começou a mostrar interesse por novas sonoridades, novas filosofias, bem como pelo uso de instrumentos orientais de sopro e de diversas flautas asiáticas: rahab, shanai, arghul, koto, dentre outros.

Lateef foi ainda o músico que incluiu o fagote e oboé dentro do Jazz e foi um do mais exímios flautistas. Este disco mostra o leque de sonoridades explorado por ele e comprova a inquietude de Yusef Lateef de trabalhar essas sonoridades exóticas dentro da sua música que, apesar de ter sido direcionada para vários estilos do além-jazz, não aderiu ao abstracionismo da vanguarda e prezou sempre por se manter com um alto nível de elaboração.


terça-feira, 13 de maio de 2008

The Harlem Experiment


Depois de “Philadelphia Experiment” e de “Detroit Experiment”, a editora Ropeadope tem mais um título na sua série dedicada à associação do jazz com outros gêneros musicais tocados e ouvidos num bairro muito especial de Nova Iorque: o Harlem.

“Harlem Experiment” é funk, klezmer, salsa, hip-hop e muito mais. Este trabalho foi produzido por Aaron Luis Levinson e que conta com as participações de Don Byron, Steven Bernstein, Steve Berrios, Eddy Martinez, Ruben Rodriguez, Taj Mahal, Olu Dara, James Hunter, Queen Esther e Larry Legend. O disco está montado como se se tratasse de um programa de rádio e o DJ de serviço é uma lenda local do Harlem, Mr. Mums.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Renata Rosa - Zunido da Mata

Renata é uma paulista de alma nordestina que se fixou em Recife e fundamentou seu trabalho entre Pernambuco e Alagoas. Sua voz tem relação direta com as vozes femininas das muitas tradições da região, especialmente o coco, o que faz dela uma das mais peculiares cantoras no momento.

Em Zunido da Mata, além de cantar, ela toca rabeca e percussão. O som é um presente para os ouvintes e o repertório traduz sua pesquisa de cultura tradicional em Alagoas e Pernambuco. Vale a pena conferir as faixas "Me Leva", "Brilhantina" e "Corta O Pau" que a moça faz bonito!!!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Carnaval em Recife 2008 - Nação Zumbi

Gravado direto da mesa de som, esses arquivos são um registro de um dos shows mais incríveis que já fui. Começou com o Paralamas, depois rolou uma jam com a Nação até que, enfim, a Nação Zumbi fez tremer o chão do Recife. Além de um público impressionante, durante o show da Nação caiu uma chuva torrencial (devia ser Chico tocando sua alfaia cibernética-celestial).

Quem não esteve lá, faça o favor de ir no próximo ano. Quem foi aproveite pra lembrar.

Parte 1 - Paralamas:
- 2A
- Na Pista
- Ela Disse Adeus
- Trac Trac
- O Beco
- Meu Erro
- Perplexo
- Cinema Mudo
- Cuide bem do Seu Amor
- Lanterna dos Afogados
- Uma Brasileira
- Alagados
- Lourinha Bombril

Parte 2 - Paralamas e Nação Zumbi juntos
- Selvagem
- A Cidade
- A Novidade
- A Praieira
- O Calibre
- Manguetown
- Sossego


Parte 3 - Nação Zumbi
- Fome de Tudo
- Bossa Nostra
- Hoje, Amanhã e Depois
- Rios, Pontes e Overdrives
- Memorando
- Meu Maracatu Pesa uma Tonelada
- Toda Surdez Será Castigada
- Blunt of Judah
- Maracatu Atômico (Com solo do Hino do Santa Cruz no final !!!)
- Quando a Maré Encher

*Valeu a dica Bucho!!!

China - Simulacro (2007)

Onde você encontra no mercado um vocalista capaz de berrar como Iggy Pop, cantar baixinho como um fã de João Gilberto e destilar o romantismo da jovem guarda? E tudo ao mesmo tempo agora. China é um cara assim.

Ele começou ainda garoto no bairro Novo, cidade de Olinda, berrando à frente do Sheik Tosado. Depois partiu para carreira solo e, agora, também é o vocalista do projeto Del Rey, em que China participa junto com o pessoal do Mombojó cantando clássicos de Roberta Carlos.

Para gravar a álbum Simulacro, China reuniu um time de primeira: do Mombojó, vieram Chiquinho (teclado), Marcelo Machado (guitarra), Felipe S (violão e guitarra) e Vicente (bateria). Hugo Gila encarrega-se do baixo. Rafael B (Bonsucesso Samba Clube, bateria) e Pupilo (bateria) completam a lista de convidados. Pupilo assina também a produção. É uma rapaziada de mente aberta, capaz de deslizar sem atropelos por 10 composições que flertam com o psicodelismo, o samba e o rock brasileiro dos anos 60. Mas, atenção: as referências aqui não implicam em nostalgia, saudosismo e coisas do tipo. Este é um CD que sabe o terreno onde pisa: estamos no novo milênio e não em qualquer passado idealizado. É um som que atualiza as referências para construir uma sonoridade ligada ao aqui e agora.

Assista ao China participando do programa Canja do portal IG.





E baixe o som do cabra aqui: