segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lula Queiroga - Tem juízo mas não usa (2009)


Lula Queiroga despontou no mercado fonográfico em 1983 com Baque Solto, um álbum dividido com seu conterrâneo Lenine, alma gêmea artística do compositor pernambucano. Nada aconteceu de imediato.

Mas, a partir de 1997, Lenine engatou carreira solo que lhe deu projeção, inclusive além das fronteiras brasileiras. Queiroga continuou à margem, na terra natal, embora seu terceiro CD solo, Tem Juízo mas Não Usa, confirme o que os anteriores Aboiando a Vaca Mecânica (2001) e Azul Invisível Vermelho Cruel (2004) já haviam sinalizado: o som do artista atingiu ponto de maturação que nada deve à obra de Lenine. Como seu irmão artístico, Queiroga se conecta ao mundo a partir de Pernambuco.

Programações eletrônicas (pilotadas por Yuri Queiroga, sobrinho de Lula) interagem com sons orgânicos em vigoroso mix de sabor contemporâneo. Tem Juízo mas Não Usa capta inquietudes, urgências. São múltiplas as referências que saltam aos ouvidos neste CD de alta voltagem. A faixa-título - Tem Juízo mas Não Usa, parceria de Queiroga com Pedro Luís, cantada por Lenine - dialoga com o samba carioca. Geusa agrega a poesia derramada de Lirinha (do Cordel do Fogo Encantado), a voz de Silvério Pessoa (egresso do Cascabulho) e a bateria de Pupillo (habitante da Nação Zumbi). Fulana é balada de múltiplos sotaques formatada sob os cânones da globalização. Contudo, a música de Queiroga não tem sua força diluída por conceitos. Temas como Você Não Disse, Meus Pés (com a voz de Alceu Valença, menos elétrica do que de costume) e, sobretudo, Altos e Baixos (outra faixa da qual participa Lenine) têm potencial para fazer sucesso. Já passa da hora de o Brasil fazer uso do juízo e descobrir o belo som globalizante de Lula Queiroga.
(Mauro Ferreira)

(baixar tem juizo mas não usa - lula queiroga)

Lula queiroga lança seu novo disco em São Paulo quinta-feira agora, no Sesc Pompéia. Só perde essa quem quer. Ingressos a 16 reais (inteira), 8 reais (meia) e 4 reais (usuários do Sesc). Mais informações, clique aqui.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Eu Agradeço - Roberto Wolvie

A Jorge Ben por mostrar a poesia da vida.
A Gil por ser amigo íntimo das palavras
E a Guimarães por libertá-las.
Eu agradeço a Cartola por colocar o mundo na caixa de fósforo,
A Chico por ser seu confidente
E a Clarice por ela ser tão mulher.

A Simão, Pedro, Paulo, Judas, Tiagos, Mateus, João, André, Tadeu, Felipe e Bartolomeu por serem os primeiros a acreditar no amigo.
Por ser maior que as regras da vida, a Silvio.
Por resistir a cada golpe do pessimismo, a Ali.
Por carregar o mundo nas costas, ao homem da carroça.
Agradeço de todo o coração ao cachorro na estrada no Chile
Ao chinês que parou a máquina
E também a quem não perdeu a ternura.

Eu agradeço ao primeiro louco e ao último são.
Eu agradeço aos piscianos por serem puros
E agradeço aos puros por não dependerem de religião.

A Luiz Inacio por ter tido a coragem.
A Christopher por ter voado de verdade,
E ao Dalai, por ser.
Eu agradeço ao pai pela gentileza e pela força
E à mãe pela decisão e pelo sacrificar.

Agradeço aos que leem, aos que ouvem e aos que querem comentar.
E agradeço quem se aproxima , pelo tempo que for, e faz parte da minha vida.

(e eu agradeço por ter amigos que escrevem bem pra caralho, clique para ir no blog do Roberto)


Wilson Simonal - Discografia e História

Wilson Simonal de Castro nasceu no Rio, em 1939. Ao servir o exército começou a cantar nas festas do regimento. Depois da baixa das forças armadas começou a cantar em shows, principalmente rocks e calipsos, cantados em inglês. Por volta de 1961 foi descoberto pelo produtor e compositor Carlos Imperial e aí começa sua carreira profissional. Em 1963 é lançado pela Odeon o LP "Wilson Simonal tem algo mais", com arranjos do veterano Lyrio Panicali. Esse disco contava com sucessos da bossa nova como "Telefone" e "Menina flor". "Amanhecendo", de Roberto Menescal e Lula Freire, que tinha uma gravação bem sucedida com "Os Cariocas", recebeu aqui um tratamento suingado, jazzístico, com um resultado impressionante. Não havia dúvidas, estava ali um potencial grande cantor.

(baixar wilson simonal - tem algo mais)

O LP seguinte, o segundo da fase bossa nova, foi "A nova dimensão do samba", de 1964. Arranjos de Panicali e do novato Eumir Deodato. Esse abria com "Nanã", do genial Moacir Santos. Contava com "Só saudade" e "Inútil paisagem", de Tom, "Rapaz de bem", de Johnny Alf, entre outros. Acho que a faixa mais impactante era "Nanã". Este disco confirmava o grande cantor. Simonal começava a ganhar a fama de melhor cantor da bossa nova, aproveitando-se da reclusão do papa João Gilberto, que raramente cantava.

(baixar wilson simonal - a nova dimensão do samba)

O terceiro LP foi "Wilson Simonal", lançado em março de 65, menos de um ano depois do anterior, fato raro no Brasil. Novamente arranjos de Lyrio Panicali e Deodato. Para mim a faixa impactante foi "Chuva", de Durval Ferreira e Pedro Camargo. Tinha ainda algumas músicas de Ary Barroso, outras de Carlos Lyra, Tom Jobim, e "Rio do meu amor", de Billy Blanco, que Simonal defendeu num festival da época. E tinha, para choque dos fãs da bossa nova, uma canção que estava mais para rock do que para MPB, "Juca bobão". Era o prenúncio da queda.

(baixar wilson simonal - wilson simonal)

Deixando de lado tantos detalhes, Simonal gravou algum tempo depois disto uma canção chamada "Mamãe passou açúcar em mim". A letra dizia mais ou menos assim: "Eu era neném, não tinha talco, mamãe passou açúcar ni mim". A idéia é que o narrador tinha ficado tão doce que as mulheres, a vida inteira, corriam atrás dele. Um besteirol total, como letra e como melodia. Pois foi essa canção que levou o cantor para a popularidade com o grande público, fazendo com que chegasse a rivalizar com Roberto Carlos na preferência do público. Tinha nascido a pilantragem, nome que ele deu a esse estilo iniciado com "Juca bobão" e consagrado com "Mamãe passou açúcar…".

Os amantes da música de boa qualidade ficaram chocados com esse barateamento de um talento e se afastaram de Simonal. Mas talentoso ele continuou. Em 1970, ele fez dueto com Sarah Vaughan, transmitido pela TV Tupi. Em duas canções, "Oh happy days" e "The shadow of your smile", o jovem cantor de 30 anos dialoga com uma das rainhas do jazz, de 45, de igual para igual, improvisando, variando, e sendo tratado por ela absolutamente como um igual. É de vera impressionante. (vale a pena ver)



De repente Simonal sumiu. Parou de fazer shows, não gravou mais. Aos poucos os fatos se espalharam pelo Rio: Simonal seria dedo-duro do DOPS — o famigerado Departamento da Ordem Política e Social, para onde eram levados os presos políticos. Qualquer músico que tocasse com ele iria para uma lista negra e não tocaria mais. O cantor precisava no mínimo de um pianista, de preferência um baixista e um baterista também. SIMONAL NUNCA MAIS CANTOU. Sobreviveu mais de vinte anos sem poder cantar, até morrer de cirrose causada por alcoolismo.

Não vi esse novo documentário, mas li tudo que achei nos jornais sobre ele. Eis os fatos reais, de acordo com o relato de diferentes pessoas: Simonal achava que seu contador o estava roubando, e contratou dois meganhas para dar uma surra no mesmo. O surrado deu queixa na polícia e o cantor foi processado e condenado — entendo que não foi preso por ser criminoso primário. A história se espalhou e muita gente do meio musical cobrou de Simonal por que ele teria mandado dar a surra.

Acontece que os meganhas contratados por ele eram do DOPS, tinham feito um bico no horário de folga. Simonal, que tinha um lado infantil e mentiroso, passou a espalhar: "Ninguém mexa comigo porque eu tenho amigos no DOPS". Essa mentira, somada ao fato de que o cantor era visto como favorável ao governo militar, fez com que alguma misteriosa entidade dona da verdade "politicamente correta" decretasse o banimento dele. Ninguém sabe, ninguém viu, quem era essa misteriosa pessoa, ou grupo de pessoas, que teve esse poder monstruoso: decretar a morte profissional de um grande artista. Mas a Cabana do Pai revive Simonal e coloca vários sons dele aqui pra quem quiser se aventurar nessa "pilantragem". Salve Simonal!!!!



segunda-feira, 11 de maio de 2009

CéU - Cangote EP (2009)

Como a CéU já entendeu que na internet o importante é compartilhar, sem vaidades ou pretensões, ela disponibilizou na rede o EP Cangote, uma amostra de quatro músicas do que vem por aí em seu novo álbum. Ela chega com uma nova sonoridade, com menos colagens e arranjos mas limpos.

As influências da moça estão todas lá, de Fela Kuti e Bob Marley passando pelo rock, hip-hop, dub e música brasileira. Algumas faixas afirmam o dub como verve do EP, o som envolve pelas batidas da bateria e as linhas arrojadas do baixo. Gostei de encontrar algumas canções já conhecidas, até então tocadas somente nos shows. Que venha o álbum...

Roberto Ribeiro - Arrasta Povo (1976)

Roberto Ribeiro além de compositor foi um dos maiores intérpretes de samba que o Brasil conheceu. Seu canto grave, era melodioso, mais sem firulas. De voz bem timbrada e enxuto fraseado, seu repertório incluía sambas de todos os tipos, afoxés, ijexás, maracatus e outros ritmos africanos, escutando o som com atenção sente-se facilmente que o cara era batuqueiro. Roberto exibia uma versatilidade espantosa. Construiu uma respeitável carreira de intérprete e compositor desde a segunda metade da década de 1960. Tem mais de 20 discos gravados, com sucessos populares como as canções "Acreditar", "Estrela de Madureira", "Todo Menino É um Rei", "Malandros Maneiros", "Fala Brasil" e "Amor de Verdade".

Desses mais de 20 discos lançados, praticamente todos se encontram fora de catálogo, um descaso lamentável para os amantes do bom samba e da cultura brasileira. A Cabana desenterra Arrasta Povo, um álbum de 1976, destaques para as faixas: Muda Rue (um saravá pesado), Glórias e Graças da Bahia (uma ode a todos os santos) e Meu Pranto Continua (um lindo desabafo de um sambista).

terça-feira, 5 de maio de 2009

Bill Ravi Harris & The Prophets - Funky Sitar Man

Dica do Rafik, esse cara tira vários clássicos do funk na cítara. Fica bom pra caralho!!! Achei bem diferente, o som não perde em vigor e os solos ganham destaque. Bem legal!!!