quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Apollo Nove - Res Inexplicata Volans (2006)
Depois de produzir álbuns seminais para artistas como Otto e Cibelle, e de tocar com a Nação Zumbi, Seu Jorge e o Planet Hemp de Marcelo D2, Apollo Nove lança agora um fascinante álbum de estréia, intitulado Res Inexplicata Volans. São doze faixas melodiosas e profundas, capazes de criar diferentes atmosferas que passeiam pelo rock psicodélico, o folk alucinógeno e o lado mais sinistro do eletrônico... Sim, confesso, um som bem difícil de enquadrar em uma categoria.
Para acrescentar ainda mais nuances à sua sonoridade, Apollo contou com a ajuda de vários músicos, incluindo três veteranos - o guitarrista Lanny Gordin (que tocou em vários álbuns históricos da Tropicália), o baterista João Parahyba (do Trio Mocotó, também conhecido pelo trabalho com Suba) e o tecladista Juarez Santana (cujo órgão Hammond figurou em várias gravações brasileiras dos anos 70) - que dão ao álbum uma definitiva sensação de banda "ao vivo", e também formam a base do grupo que acompanha Apollo Nove nos shows.
Participações mais que especiais de vocalistas conceituados da nova geração como Cibelle, Seu Jorge, Tita Lima (filha do baixista dos Mutantes, Liminha), Holly (norte-americana expatriada, filha de um pregador), Fred 04 (líder do Mundo Livre S/A) e Céu complementam o singular vocal de Apollo. Por último, mas não menos importante, o álbum foi gravado em São Paulo por Apollo em seu próprio estúdio (Ludwig Van), e primorosamente mixado em Paris pelo engenheiro de som do Air, Yann Arnaud.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Os 10 melhores de 2007 - Rolling Stone
São eles:
1. Paulinho da Viola - Acústico MTV
O mestre sambista mostra em letra e música, pedindo calma, o tempo das coisas que formam a vida. Não por acaso, a primeira canção do repertório é “Timoneiro”: “Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar”. Um repertório com três canções inéditas e clássicos em novos arranjos – como “Nervos de Aço” e a arrojada “Sinal Fechado”, um ápice de inventividade – mostra como é a música feita por quem gosta de fazer música.
2. Gui Boratto
Chromophobia
Chemical Brothers, Justice, Simian Mobile Disco. Se você acha que esses foram os principais nomes na eletrônica em 2007, está profundamente enganado. Os elogios de crítica e público foram todos destinados para o paulista Gui Boratto, que deixou os bastidores para lançar Chromophobia, álbum que condensa várias vertentes do gênero, como minimal (“Scene”), neo-trance (“Gate 7”) e ecos de synth-pop (“Shebang”).
3. Orquestra Imperial
Carnaval Só Ano Que Vem
Era muita gente boa pra ficar só na brincadeira e logo os salões ficaram pequenos para a energia criativa da Orquestra Imperial. Daí foi chamar Mario Caldato Jr. para aparar as arestas e Jorge Mautner como guia espiritual para Carnaval Só Ano Que Vem, primeiro disco autoral da trupe carioca, ficar pronto e redefinir o conceito de baile-show com músicas como “Ereção”, “Era Bom” e “Ela Rebola”.
4. Luiz Melodia
Estação Melodia
Biscoito Fino
5. Nação Zumbi
Fome de Tudo
Deckdisc
6. Pato Fu
Daqui pro Futuro
Independente
7. Fernanda Takai
Onde Brilham os Olhos Seus
Gravadora do Brasil
8. Siba e a Fuloresta
Toda Vez Que Eu Dou Um Passo / O Mundo Sai do Lugar
Ambulante Discos
9. Vanessa da Mata
Sim
Sony/BMG
10. Beth Carvalho
Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia – Ao Vivo
EMI
(clique para baixar)
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Meu nome não Johnny - Trilha Sonora
Achei muito bom! Além de uma abordagem menos fantasiosa de como as coisas realmente são, o filme acaba com a imagem equivocada de traficante, sempre ligado aos morros e favelas. Um filme com trilha sonora maravilhosa, excelente fotografia e direção de arte e que sob a direção de Mauro Lima às vezes parece tão leve e inconseqüente quanto seu personagem.
Muito bem-humorado, não tem a violência dos filmes que focam o tráfico pelo lado da favela – ou dos fornecedores –, como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Filho de pais permissivos que fechavam os olhos para suas farras cada vez mais desregradas, Estrella nunca pisou em um morro. Tinha fornecedores para fazer esse caminho por ele. Começou a vender pequenas quantidades, no início dos anos 80. Quando a polícia finalmente o pegou, em 1995, ele estava com 6 quilos em seu poder.
Durante o filme a trilha sonora foi me chamando a atenção, principalmente a deliciosa versão de Olivia Broadfield para "It´s a Long Way", de Caetano Veloso. Deguste essa música, pois vale a pena.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Mundo Livre S/A
O Mundo Livre S/A surgiu em 1984, oriunda de restos de bandas punks. O nome foi extraído do personagem de TV Agente 86, que fazia diversas apologias ao mundo livre. Nasceu no bairro beira-mar de Candeias, em Recife, mesmo lugar em que foi redigido o manifesto Caranguejos com Cérebro, marco do Movimento Mangue, que prega a universalização/atualização da música pernambucana. Fred Zero Quatro (foto abaixo), vocalista do Mundo Livre S/A, foi o autor do manifesto, juntamente com Renato L. e Chico Science.
Mundo Livre S/A é: Fred Zero Quatro, Xef Tony, Bactéria Maresia, Fábio Goro, Marcelo Pianinho.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Comadre Fulozinha
Com o mesmo nome dessa figura sorumbática, a banda Comadre Fulozinha é uma das vedetes de uma geração de músicos nordestinos que conquistou outros mercados do Brasil, ainda que com um repertório, em geral, regionalizado. Liderado pela cantora e percussionista Karina Buhr e criado em 1997, o Comadre Fulozinha mistura coco, maracatu, ciranda, xote e outros ritmos. (da uma olhada nessa canja da Karina)
Desde que foi formado em 1997, algumas mudanças ocorreram. Para começar, o nome: Comadre Florzinha transformou-se em Comadre Fulozinha. A seguir, a formação: de sexteto, reduziu-se à dupla de cantoras percussionistas Karina Buhr e Isaar de França (foto abaixo).
Por fim, o repertório. Em "Comadre Florzinha", predominavam músicas de domínio público, enquanto no segundo disco "Tocar Na Banda", investe-se principalmente em material original. Contudo, o som em si não se alterou. Permanece fincado nos ritmos populares do Nordeste.
(baixar som)
Comadre Fulozinha - Tocar na Banda (2003)
(baixar o som)
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Projeto +2 - Kassin, Moreno e Domenico
A trilogia funciona da seguinte maneira: Alexandre Kassin, Moreno Veloso e Domenico Lancellotti gravaram um disco cada um, onde os outros dois formavam um tipo de banda acompanhante. Assim, Moreno+2 lançou em 2001 o “Maquina de Escrever Música” e, em 2003, Domenico+2, o “Sincerily Hot”. Quando escutados juntos, os dois discos, mais o “Futurismo” com o trio Kassin+2 se completam, dando uma noção maior do trabalho de cada artista. Um recorte da boa produção da MPB que, por ser lançado de maneira independente, não toca nas rádios.
Por isso, para entender “Futurismo”, é importante explicar um pouco dos outros dois discos anteriores. Em “Máquina de Escrever Música”, o trio Moreno+2 fica a favor da voz, com canções e harmonias minimalistas, quase um manifesto em disco. Enquanto isso, o “Sincerily Hot”, de Domenico+2, afoga toda a expressão em batidas e programação eletrônica, num repertório de experimentação declaradamente livre. Kassin+2 é a junção disso. O mais próximo do que poderíamos pensar de uma pós-bossa ou bossa-contemporânea. Poesia que encontra abrigo em instrumentos orgânicos e computadores.
Nesse formato de troca, o trio segue uma transição natural à própria Bossa Nova. Tiveram o disco lançado primeiro nos Estados Unidos, Europa e Japão, onde seus antecedentes não fariam diferença para uma platéia desavisada. Lá, Kassin não era produtor do maior fenômeno nacional da música jovem, nem Moreno era o filho de Caetano. Essa maneira honesta de romper o conceito de autoria deu certo e os discos chegam no Brasil com uma folga do tipo “se vender só para os amigos, já deu certo”.
Kassin não é o melhor exemplo de cantor (não por acaso, a maioria de seus projetos de música são instrumentais, como o Artificial, que ele apresentou no Recife durante o festival Coquetel Molotov), mas como exímio produtor, ele sabe criar melodias que parecem acertadas para seu tom de voz. Para compensar, ele convocou boa parte dos artistas que já produziu para participar do disco. Em Adriana Calcanhoto e Los Hermanos estão as vozes que o ouvido bem apurado vai conseguir identificar.
(baixar disco)
"Sincerely Hot" - Domenico +2
(baixar som)
"Futurismo" - Kassin +2
(baixar o som)