quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Arnaldo Batista - Loki


Em 1974, Arnaldo Dias Baptista era um homem em depressão. Com a saída dos Mutantes e o fim do casamento com o amor de sua vida, Rita Lee, Arnaldo já não sabia mais quem era, já não sabia mais o que fazer com tudo o que havia conquistado e perdido.

Gravado logo após a saída de Arnaldo dos Mutantes, que continuaram fazendo Rock Progressivo com Sérgio Dias e cia., a banda que acompanha Arnaldo (Piano e voz) é formada por Dinho Leme e Liminha, ex-baterista e ex-baixista dos Mutantes. Nada de guitarras, talvez para fugir da "masturbação musical" de outrora, com o rock progressivo e viajante de "O A e o Z" (último disco de Arnaldo com Os Mutantes).

As músicas foram todas gravadas ao vivo em estúdio e, apesar da insistência dos músicos para refazerem alguns takes, Arnaldo queria o disco daquele jeito: Cru, urgente e cheio de arestas.

Arnaldo estava lá, também cru e urgente. Em plena forma como músico, Arnaldo carrega a banda para lugares nunca antes habitados pelos Mutantes, e comete um disco clássico. O compositor estava com apenas 26 anos e já havia mudado a história da música popular brasileira completamente, com os Mutantes.

Depois de ter despido a MPB e temeperado com pimenta o Rock´n Roll, era a vez de Arnaldo se mostrar por inteiro: emocionado, emocionante, sutil e psicodélico, musical e visual. O jovem Arnaldo Baptista tinha medo de virar uma lenda do Rock ("Será que eu Vou Virar Bolor?"), lamentava o fim dos Mutantes e chorava o amor de Rita Lee ("Uma Pessoa Só", "Te Amo Podes Crer" e "Desculpe"). Também havia espaço para o humor sarcástico e desafiador da época dos Mutantes ("Cê Tá Pesando Que Eu Sou Lóki?" e "Vou Me Afundar na Lingerie") e para impressões sobre o futuro ("Não Estou Nem Aí").

Aliás, "Não Estou Nem Aí" se torna incrivelmente emocionante se escutada nos tempos de hoje, após anos e anos de abuso de drogas e uma tentativa fracassada de suicídio, que acabou causando sequelas graves em Arnaldo. A música continha vocais de apoio de Rita Lee, e a emoção com que Arnaldo canta é assustadora.

"Lóki?" é um disco indispensável. Arnaldo Baptista mostrava, nesse disco, quem era o cérebro dos Mutantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

ISSO É RARIDADE FIIIII