quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Siba


O cantor, compositor e rabequista Siba Veloso, ex-líder da banda Mestre Ambrósio -um dos ícones do movimento manguebeat nos anos 90, vive fidedignamente a cultura popular que se propôs a tocar. Diferentemente dos colegas de mangue, deixou de lado todas as facilidades das metrópoles onde já morou (Recife e São Paulo), para se instalar em Nazaré da Mata junto à banda que ajudou a fundar, "A Fuloresta". Leia-se o mais importante pólo de maracatu rural, em plena zona da mata pernambucana.

É isso o que torna sua obra tão original quanto poética até o último acorde. Ele traduz nas letras preciosas versos inteligentes e sensíveis de sabedoria popular. Situações comuns do cotidiano nordestino, como a fome, o abandono de crianças, a injustiça social e até a descida para a terceira divisão de um time de futebol estão presentes. O belíssimo encarte todo produzido pela dupla de grafiteiros "osgemeos" ainda traz um luxuoso apelo visual ao CD. Vale comprar!!!!

Na mistura de ciranda, coco de roda, maracatu de baque solto, samba e frevo, há participações da cantora Céu, em "Cantar Ciranda"; do guitarrista Lucio Maia (Nação Zumbi), numa das canções mais belas do álbum, "Alados" (também presente no recente disco "Homem Binário", do projeto solo "Maquinado", de Maia); de outro guitarrista renomado, Fernando Catatau (Cidadão Instigado), em "Meu Time"; da tocante voz de Isaah, ex-integrante do Comadre Fulorzinha (em "A Velha da Capa Preta"). Merece destaque também o coco animado de mesmo nome do álbum composto por Siba.

Um dos grandes patrimônios culturais vivos de Pernambuco e do Brasil, o mestre de cavalo-marinho Biu Roque, que também acompanha Siba nos shows, discos e por turnês na Europa, onde fazem grande sucesso (até mais do que no resto do país), tem participação solo em "A Folha Da Bananeira".
Graças ao trabalho do cantor, até hoje muito da música produzida pela cultura popular em Pernambuco pode ser reinventada e conservada com dignidade. O Estado sofre uma carência de novos compositores de frevo há anos, por exemplo. Siba revisita o ritmo ainda em marchinhas, como "Bloco da Bicharada", "Meu Time" e "A Velha da Capa Preta".

Depois do aclamado primeiro CD "Siba a Fuloresta" (2002), os muitos instrumentos de sopro, percussão e rimas de improviso de "Toda Vez Que eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar" deram continuidade à genuína produção de ritmos rurais, belos e dançantes do Nordeste. E que não morram jamais.
(texto: Gabriela Belém)

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

lembra do show??