segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Luto: Gigante Brazil Morre em São Paulo

É com aperto no peito que faço esse post. Mais uma grande perda para a música brasileira: O baterista Gigante Brazil nos deixou hoje. Carioca, Gigante começou em 1969 na banda Massa Experiência. Nos anos 70, tocou com Jorge Mautner e formou a banda Sindicato. Depois, tocou com Chico Evangelista, Gang 90 e Banda Isca de Polícia, juntamente com Itamar Assumpção. No começo da década de 90, acompanhou Marisa Monte na gravação e turnê do disco Mais. Nele, participou dos vocais de Ensaboa. Dono de um vocal inconfundível, Gigante tirava som da bateria e da boca com a mesma maestria (olha o vídeo abaixo).

Faz parte, é esse nosso destino. Fica a obra de um dos mais talentosos bateristas que o Brasil já viu. Partiu para alegrar outros lugares com seu ritmo e alegria cativante. Tive a oportunidade de vê-lo tocar em um show de homenagem a Itamar Assumpção, no Sesc Pompéia. Ali virei fã e admirador do som e da pessoa, alegria e simplicidade transbordavam do camarada.

Viva Gigante Brazil !!!!!


(vídeo que fiz no sesc pompéia, show de homenagem a Itamar Assumpção)

Músicos voltam a lançar trabalhos em disco de vinil

O império das bolachas negras contra-ataca. Depois de dados como mortos no início dos anos 90 - com a chegada dos CDs - e sepultados no começo do milênio - com a revolução digital - os discos de vinil aos poucos voltam a ser lançados por artistas brasileiros. São músicos e bandas que apostam na nostalgia e na força dos bolachões, algo comum em países da Europa e nos Estados Unidos.

A gravadora Deckdisc já fala em importar maquinários para ter sua fábrica própria de vinis no Brasil. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma: "Estamos estudando a viabilidade de montar uma nova fábrica no Brasil ou aproveitar o espaço da antiga (a extinta Poly Som, no Rio de Janeiro, fechada em abril) para implantar as máquinas."

Enquanto as máquinas não vêm, os artistas se viram para colocarem seus vinis na praça. Ed Motta, que desde 2001 já lançou dois LPs, prepara uma edição em vinil de seu último CD, Chapter 9. "Tem muita gente desavisada achando vinil algo 'ultra hype', tipo onda de brechó. A verdade é que na Europa e nos EUA isso nunca deixou de ser mania. Só aqui no Brasil", diz.

O grupo Nação Zumbi é outro integrante da liga dos herói da resistência. Pupillo, o baterista, conta que a banda deve produzir em LP o disco Fome de Tudo até dezembro. E comenta: "Se perguntarem se preferimos produzir dez mil CDs ou mil LPs, definitivamente vamos escolher mil LPs."

Segundo alguns artistas, há vantagens no resultado final deste tipo de mídia justamente pelo fato de ele não procurar a perfeição e a limpeza dos meios digitais. "A sonoridade é bem melhor do que a de um LP. Muitas das 'ruidagens' (ruídos) do som original se perdem na hora da digitalização", afirma o pernambucano Lenine, que lançou em LP a versão de seu mais recente CD, Labiata. Pupillo, do Nação, se arrisca a falar em eternidade. "O LP é mais vivo, mais orgânico. E existe um nicho, um mercado para ele, não vai acabar. Acredito que, daqui a algum tempo, não teremos CDs."

Karl Hector and The Malcouns



(post feito na sexta-feira, mas publicado somente hoje por conta de problemas com o servidor) Hoje é sexta, acabou o expediente. Estou afim de ir pro buteco tomar uma com o povo, mas essa bolacha acabou de chegar da cibernética. Foi escutar e pensar na mesma hora: "Este vai pra Cabana". Prometo fazer uma pesquisa sobre esse disco mais tarde, mas por hora fiquem com o som que é de primeira: uma música rasgada, em vários tempos diferentes, em momentos beira a psicodelia, em outros é black de primeira linha. O disco tem raiz no Afro Funk, mas está tudo ali: o jazz, o groove, Fela Kuti, Mulato Astatke. Mas é bom apertar os cintos antes de escutar: a sonzêra é pesada!!!!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Negroove - Eles não usam enê


Uma garrafa de cachaça quebrando no chão, a voz rasgada anuncia em bom samba que aqui o Exu só bebe com adoçante. Segura porque a roda começou.

A tal voz rasgada sai da garganta de Jr. Black e toma forma assumindo diversas vertentes da black music. Não é o clichê do caldeirão de influências, muito pelo contrário. É pernambuco mostrando que suas fontes de inspiração vão muito além do mangue. Não fique embasbacando com a quantidade de referências por segundo pois é perda de tempo. Negroove é uma banda sem rótulos feita pra botar o povo pra sacolejar e o santo pra descer!!! Destaque para a fumegante 'Caipora' que reforça mais uma característica notável do grupo: os vocais femininos que lembram pastorinhas.

A única ressalva fica no tamanho do disco. 15 músicas, que passam de uma hora de execução, parecem ser demais mesmo para o Negroove. Tinha espaço e tema para dois discos diferentes, que podiam ser trabalhados em épocas diferentes. Depois de “Caipora Maturi”, a décima, o ouvido começa a já ficar um pouco cansado. Mas como “Eles Não Usam Enê” é um disco de estréia, não chega a ser um pecado. A ocasião é mesmo para eles mostrarem a que vieram. E vieram fazer bonito!!!! Saravá!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Momo

No ranger do seu assoalho, num rasgo de papel, no vento. Em cada lembrança resgatada ponto por ponto, naquela noite difícil de dormir, você vai escutar a voz de Marcelo Frota, o Momo.

Seu segundo álbum, Buscador, eleva a categoria do novo folk brasileiro a algo que vem além, nebuloso, como a memória. Apropria-se de sonoridades minimais francesas - tiradas de uma craviola e um sintetizador Casionete a pilha; incorpora uma poesia visceral - própria do Clube da Esquina, de Belchior e Fagner; e carrega um passo pesado, daqueles que até então só encontrávamos em cancioneiros antigos do sertão. Tudo isso embebedado como uma esponja, cheia de recordaçoes que vêm e escapam.

Uma descrição de Momo como é atualmente deveria conter todo o passado de Marcelo. Mas ele não conta seu passado, ele o contém como as linhas da mão, escrito em beiras de praias, nas grades das janelas, cantado baixinho e visceral, acompanhado por uivos da banda. Momo é um cantor cigano, e seu segredo está na forma pela qual o olhar percorre as figuras que já passaram por si, enquanto seu passo segue em frente, devagar, atrás dos sapatos. Um esfacelo sem forma definida e sem fim, a memória que sucede como uma partitura musical da qual não se pode (nem se deve) modificar ou deslocar nenhuma nota.

Que não o tenham como sofrimento puro. A poesia de Momo busca a felicidade essencial, que traz consigo a dor de se deixar algo para trás. Mas é, antes de tudo, a felicidade contida no que está por vir. "A esperança é a última que morre", ele canta logo na faixa de entrada, e o álbum aos pouquinhos vai ganhando um tom cada vez mais leve, mais alegre, até que se conclue numa canção instrumental, de dedilhados pueris.

Entre muralhas, torres e romances destinados a desmoronar, Momo fica como a filigrana de um desenho tão fino a ponto de evitar as mordidas dos cupins. "E o sol nascerá", cantemos. Temos uma grande promessa.

Cabana Indica


Era Iluminada

A série de shows Era Iluminada pretende, a cada edição, apresentar, não de uma maneira linear, um panorama de certos movimentos, ritmos e gêneros que compõem a rica história da cultura musical brasileira e que, de certa maneira, funcionaram como trilha sonora de uma época.

Em setembro uma homenagem ao movimento Mangue Beat.

Com Lia de Itamaracá, Jorge Du Peixe, Fábio Trummer, Canibal, Alessandra Leão, Karina Buhr e Junio Barreto. A banda vai de: Lúcio Maia, Pupillo, Gabriel, Dengue, Toca Ogan, Eder, Roberto Manoel, Galego do Trombone, João Minuto e Bolinha. Direção musical: Siba.
Sesc Poméia, 26, 27 e 28/09. Sexta e Sábado às 21h, domingo às 18h. Compre antecipado pois deve esgotar. +info



No Studio SP tem:



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Kiko Dinucci e Bando AfroMacarrônico - Pastiche Nagô


Kiko Dinucci (foto acima) Nasceu em São Paulo em 1977. Como compositor trabalha diretamente com a musicalidade paulista e paulistana, influenciado por compositores como Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Geraldo Filme, Raul Torres e também compositores contemporâneos como Itamar Assumpção, Luiz Tatit, Wandi Doratioto, entre outros. Seu cancioneiro é composto de Sambas, Lundus, Jongos, Batuques, Fox Trots, Cumbias, Rumbas, Boleros, Emboladas, Jazz, Macumbas e Modas de Viola.

Trabalha atualmente com o Bando AfroMacarrônico (foto ao lado), um projeto que se embrenha não só pelo samba, mas por tudo que cada integrante escuta e e leva consigo, da macumba ao jazz, da cumbia ao tango. É som de terreiro, batuque de preto e viola rasgada!! É som de roda, de moda, fecha o olho, deixa o tambor bater e gira na renda!!! Saravá!!

Pastiche Nagô foi lançado em 2008 simultaneamente no Brasil e EUA. O som é um raro mergulho paulistano nas tradições africanas. Os ritmos se manifestam de maneira cosmopolita, trafegando pelo samba, maxixe, música caribenha e principalmente por heranças da cultura bantu e yoruba oriunda dos cultos afro-religiosos difundidos no Brasil. Produzido por André Magalhães Pastiche Nagô conta com canções do próprio Kiko e do compositor paulista Douglas Germanoe.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Leandro Id Lascado

Este álbum não existe. Esse artista você também não conhece. A única coisa que existe é uma voz, uma bela voz que dá vida a um poeta franzino e surpreendente. Um poeta que usa a música como canal para transcender pensamentos, sonhos, sentimentos e sensações transformadas em belos poemas. Leandro Id Lascado é mais um talento que está por ai, a ser descoberto, apreciado e saboreado nas manhãs de labuta antes de bater o ponto. Em frente telas e junto as caixinhas de vários escritórios, bebemos do seu álbum belíssimos mixes de música com poemas.

Atente-se para as referências de Leandro Id, fino gosto e ótima mixagem. Vale lembrar também que, trata-se de uma concepção particular e totalmente independente do artista. Produzido com parcerias de outros amigos e poetas.

A capa, o nome e a seleção das músicas foram todas produzidas pelo blog Musicoteca, numa singela homenagem a um artista que merece no mínimo a trilha de uma tarde de um domingo chuvoso. Experimente.

Arnaldo Batista - Loki


Em 1974, Arnaldo Dias Baptista era um homem em depressão. Com a saída dos Mutantes e o fim do casamento com o amor de sua vida, Rita Lee, Arnaldo já não sabia mais quem era, já não sabia mais o que fazer com tudo o que havia conquistado e perdido.

Gravado logo após a saída de Arnaldo dos Mutantes, que continuaram fazendo Rock Progressivo com Sérgio Dias e cia., a banda que acompanha Arnaldo (Piano e voz) é formada por Dinho Leme e Liminha, ex-baterista e ex-baixista dos Mutantes. Nada de guitarras, talvez para fugir da "masturbação musical" de outrora, com o rock progressivo e viajante de "O A e o Z" (último disco de Arnaldo com Os Mutantes).

As músicas foram todas gravadas ao vivo em estúdio e, apesar da insistência dos músicos para refazerem alguns takes, Arnaldo queria o disco daquele jeito: Cru, urgente e cheio de arestas.

Arnaldo estava lá, também cru e urgente. Em plena forma como músico, Arnaldo carrega a banda para lugares nunca antes habitados pelos Mutantes, e comete um disco clássico. O compositor estava com apenas 26 anos e já havia mudado a história da música popular brasileira completamente, com os Mutantes.

Depois de ter despido a MPB e temeperado com pimenta o Rock´n Roll, era a vez de Arnaldo se mostrar por inteiro: emocionado, emocionante, sutil e psicodélico, musical e visual. O jovem Arnaldo Baptista tinha medo de virar uma lenda do Rock ("Será que eu Vou Virar Bolor?"), lamentava o fim dos Mutantes e chorava o amor de Rita Lee ("Uma Pessoa Só", "Te Amo Podes Crer" e "Desculpe"). Também havia espaço para o humor sarcástico e desafiador da época dos Mutantes ("Cê Tá Pesando Que Eu Sou Lóki?" e "Vou Me Afundar na Lingerie") e para impressões sobre o futuro ("Não Estou Nem Aí").

Aliás, "Não Estou Nem Aí" se torna incrivelmente emocionante se escutada nos tempos de hoje, após anos e anos de abuso de drogas e uma tentativa fracassada de suicídio, que acabou causando sequelas graves em Arnaldo. A música continha vocais de apoio de Rita Lee, e a emoção com que Arnaldo canta é assustadora.

"Lóki?" é um disco indispensável. Arnaldo Baptista mostrava, nesse disco, quem era o cérebro dos Mutantes.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Marcelo Camelo - Sou

Saindo do forno: olha aí o trabalho solo do Marcelo Camelo. Enquanto estou baixo o meu arquivo já coloco disponível o link para todos os que aqui bebem alguma música.
Degusta!