quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Toni Tornado


Antônio Viana Gomes, o Toni Tornado(no centro da foto ao lado), nasceu em Mirante de Paranapanema, interior de São Paulo, mas mudou-se para o Rio de Janeiro aos 11 anos, logo após o falecimento do pai. No Rio, trabalhou como engraxate, vendedor de balas e outros pequenos serviços até ingressar no serviço militar como pára-quedista.

Sua carreira como cantor começou com um peseudônimo inspirado no cantor de twist Chubby Checker. Tony Checker era o nome de Tornado no início de carreira, ainda cantando rock & roll. Estreou no programa de rádio Hoje É Dia de Rock. Em seguida, passou a fazer parte do grupo de dança folclórica Brasiliana, excursionando pelo mundo durante dez anos. Foi no período em que morou nos Estados Unidos que Toni Tornado conheceu o movimento Black Panther que lutava pelos direitos civis dos negros americanos. Foi lá também que encontrou Tim Maia.

Quando voltou ao Brasil, entrou para o conjunto de Ed Lincoln e trabalhou como crooner da boate New Holyday, no Rio de Janeiro. Foi nessa boate que o compositor Tibério Gaspar o conheceu e convidou-o para defender a música BR3 no festival Internacional da Canção de 1970. Com o acompanhamento vocal do Trio Ternura, Tornado venceu o festival e pôs o movimento black embrionário no mapa da música brasileira.

Além de BR3, outra música que marcou profundamente a imagem de Tornado foi "Podes Crer, Amizade", lançada em seu segundo LP, este aí que a Canaba disponibiliza pra você. Na metade dos anos 70, Tornado desenvolveu uma carreira de ator que rendeu-lhe bons frutos. Participou de diversos filmes, em especial de Quilombo interpretando o personagem Gangha Zumba. Participou da minissérie "Jerônimo" e do filme Pixote, além das novelas "Roque Santeiro", "Sinhá Moça" e da minissérie "Agosto".


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Uakti - Mais álbuns

Trilobyte
O UAKTI escolheu alguns dos compositores mais criativos do Brasil na composição do repertório do CD Trilobyte. Músicas do repertório popular brasileiro, Milton Nascimento e Elomar, receberam novos arranjos e tiveram um enriquecimento da parte percussiva o que é característica marcante do estilo do grupo.

(clique para baixar)



Mulungo do Cerrado (Uakti e Tabina)
Disco gravado em 2000, com o grupo coral Tabinha, de Uberlândia, Minas Gerais, com uma coletânea de canções populares.

Uakti - Águas da Amazônia

Devido aos elogios e diversos pedidos que recebi, segue mais um post do Uakti. Este CD traz músicas de Philip Glass interpretadas pelo Uakti e ainda a trilha sonora composta pelo grupo para o espetáculo "Sete ou oito peças para um ballet" do Grupo Corpo.

"Nunca a música de Philip Glass soou tão orgânica e sem afetação como tocada pelo UAKTI".
(Revista Billboard)

Valeu pelo link Mogli

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Uakti


Uakti era um ser da mitologia indígena, seu corpo era repleto de furos que ao serem atravessados pelo vento emitiam sons que encantavam as mulheres da tribo. Os homens perseguiram Uakti e o mataram. No local onde seus restos foram enterrados nasceram palmeiras que os índios usaram para fazer flautas de som encantador como os produzidos pelo corpo de Uakti.

Mas aqui vou falar de um grupo que surgiu em 1978 com encontros regulares dos músicos na Fundação Artística de Belo Horizonte. A intenção era dar som e vida aos instrumentos que Marco Antônio Guimaraes começou a construir em um velho porão quando estudava em Salvador com seu mestre Smetak.

Em 28 de julho de 1980, o Uakti realizou sua primeira apresentação pública em um concerto realizado no MAP - Museu de Arte da Pampulha - dentro do projeto Musicanto. De lá pra cá os caras viraram referência mundial, conquistaram fãs no mundo inteiro e são motivo de orgulho para Minas Gerais.

Uakti é diferente de outras manifestações instrumentais. A raiz dos caras é a música erudita, mas eles entortam as músicas com uma delicadeza muito tocante. Recriam Tom Jobim, Milton Nascimento, Phillip Glass, Debussy, além de resgatar ritmos e manifestações musicais dos "brasis interiores" (essa brasa que conhecemos pouco), com percussão intensa.

Pra deixar toda essa redundância descritiva de lado, a solução é ouvir a música. Com os olhos fechados, de preferência.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Naná Vasconcelos


Naná Vasconcelos é um artista impressionante, que faz de sua arte um instrumento de alegria e respeito. Quando se pensa em Naná Vasconcelos, vem som. Uma figura brasileira que passou uma boa parte desses últimos 30 anos em Nova York, mas que não mudou seu figurino para um Armani, para melhor representar a nata da música instrumental brasileira. Afinal, o percussionista pernambucano nascido em 1944 certamente ainda preserva a cor pastel de suas lembranças de infância, quando tocava com o pai em uma bandinha marcial em Recife.

Naná pertence áquele interminável grupo de talentosos percussionistas brasileiros que mudaram a direção e o som do jazz brasileiro na fase pós-bossa nova da década de setenta. Ele e seu virtuoso berimbau conseguiram encaixar no jazz mérticas posuco usuais neste estilo, mas que são freqüentemente utilizadas no nordeste brasileiro.

Hoje vemos Naná uma figura mundial, que ultrapassou a mera barreira da percussão. É um criador que já foi eleito sete vezes Melhor Percussionista do Mundo pela revista americana Down Beat. E grande parte desse feito foi conseguido graças a sua projeção no exterior, que sempre soube reconhecer o talento acima das vertentes comerciais da música. E convenhamos, o som de Naná não é nada comercial, às vezes beira o experimentalismo.

Naná Vasconcelos faz, a despeito de exigências de mercado ou qualquer outro tipo de empecilho, um trabalho impecável, digno da obra de um alquimista genuinamente pernambucano, fundamentalmente nordestino e absolutamente brasileiro.

Salve Naná Vasconcelos, salve Recife, Salve salve a boa música brasileira!!!!!

"Minha Lôa" é um paralelo entre a eletrônica e o orgânico, por vezes complicando aos ouvidos dos mais céticos:
(baixar disco)


Contaminação é um disco alegre, que Naná lançou em 1999:

(baixar disco)


"Chegada" foi lançado em 2005 com participação de músicos incríveis, traz no repertório inéditas composições e uma versão de O Canto do Cisne Negro de Villa-Lobos:

(baixar som)


Pra terminar, um dos discos que mais refletem, de forma bem crua, o trabalho de Naná. Gravado em 1979 "Saudade" é um clássico, um verdadeiro concerto de berimbau e orquestra:

(baixar o som)

E não se esqueça de visitar o post que eu fiz sobre a parceria entre Naná Vasconcelos e Itamar Assumpção.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Tita Lima - 11:11

Tita Lima: brasileira, paulistana, cantora e compositora trouxe no seu primeiro cd suas misturas de MPB, Samba-Jazz, trip-hop e Dub. Estudou no MI (Los Angeles), voltou ao Brasil, passou 4 anos em São Paulo, tocando contra-baixo e cantando em bandas de Jazz e Hip–hop, como “Luz de Caroline”, “Nucleo” e “Locosapiens”.

Agora ela embarca na sua feliz empreitada de lançar seu primeiro disco solo onde reúne músicos e produtores de excelente nível como Bocato (Metalurgia, Elis Regina e Maria Rita), Apollo 9 (ex-Planet Hemp, produtor de Otto e Seu Jorge), Kassin (produtor de Los Hermanos e Adriana Cancanhoto) que tocou contra-baixo em sua musica 11:11, Rogério Rochlitz (Trio Mocotó), Tatá Aeroplano (Jumbo Electro, Luz de Caroline), Fernadinho Beat Box (Instituto e Marcelo D2) entre outros.

O CD traz novas composições e resgata o ambiente da Bossa dos anos 60 com vertentes que transitam entre o Jazz e o Samba. “Essa moça tá diferente” de Chico Buarque, arranjada por Bocato, resgata a brasilidade voltando ao estilo de décadas atrás onde as gravações eram feitas ao vivo com direito a erros e improvisos memoráveis. Já a faixa NY, estabelece a fusão entre os beats de trip-hop com levadas de violão que lembram a sonoridade de Jorge Ben.

Esse som foi mais uma boa descoberta aqui na Paulicéia!!!


Beto Vilares - Excelentes Lugares Bonitos

Post do :
CD solo do conhecido produtor do projeto "Música do Brasil" e de bandas como o Pato Fu, Zelia Duncan e Mestre Ambrosio. É uma síntese de tudo o que ele já fez, combinando a canção com estilos musicais de todos os rincões do Brasil, inclusive do Brasil urbano. Aliado a isto está o imenso talento e experiência de Beto como arranjador e produtor.


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Hoje estou com vergonha de ser brasileiro

Desculpa moçada. Sei que aqui é lugar de música boa e alegria, mas não consigo me calar diante de alguns fatos. Ontem foi um dia trsite, desanimador. Um dia em que, mais uma vez, minaram um dos sentimentos mais nobres que tenho: o amor pelo meu país.
Até quando vamos ver isso?
MUDA BRASIL!!!

Não precisa falar mais nada, né?

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Elis, a Regina.



Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre em 17 de agosto de 1945.

Foi, sem dúvida, a maior cantora brasileira de todos os tempos. Com técnica e garra, lançou alguns dos principais compositores brasileiros, como João Bosco e Aldir Blanc, Renato Teixeira, Fátima Guedes - só não lançou Chico Buarque porque resolveu pensar sobre o assunto - Nara Leão foi mais rápida.

A "pimentinha", como era chamada, tinha - como João Gilberto - a perfeição como meta. Exigia muito de seus músicos e compositores, exigia de sua gravadora, exigia de sua voz. Ganhávamos nós, o público. Não foi sempre assim - quando veio do Rio Grande do Sul tentou carreira no Rio de Janeiro - não foi pra frente. Seus primeiros discos são repletos das exigências da mídia, Elis teve que cantar o que vendia na época.

Transferindo-se para São Paulo, encontrou a cidade de braços abertos. Foi aqui que Elis chegou a perfeição, e foi aqui que se transformou numa tradição, tal qual sua amiga Rita Lee. Elis virou São Paulo, que a acolheu e a recolheu, quando se foi aos 36 anos, em 19 de janeiro de 1982, vítima de overdose.

Foi a primeira pessoa que inscreveu sua voz como instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. E era. A voz de Elis soava como instrumento afinado, não perdendo, nem por um minuto, o carisma e a emoção em cada canção.

Envolveu-se com tudo de forma radical - com a música, com a política, com a vida. Maldita para muitos, Elis tinha sempre a frase certeira, a mente afiada, propósitos firmes: "Cara feia pra mim é bode... Sou mais ardida que pimenta!".


Elis Regina - Em pleno verão (1970)

Esse primeiro álbum foi lançado originalmente em 70 reúne pérolas, como "Vou Deitar E Rolar" (Quaquaraquaquá) (Baden Powell/Paulo César Pinheiro), "Fechado Pra Balanço" (Gilberto Gil) e "Bicho Do Mato". Destaque para o dueto com Tim Maia na faixa, "These Are The Songs".

(baixar som)



Elis Regina - Perfil (2003)

Esta compilação reúne os sucessos de Elis. Vale a pena conferir os clássicos, "O Bêbado E A Equilibrista", "Águas De Março" (Elis & Tom), "Como Nossos Pais", "Madalena" e "Fascinação (Fascination)".

(baixar som)



Elis Regina - Falso Brilhante (1976)

Nesse álbum, lançado originalmente em 1976, Elis assume influências do rock e do blues. Destaque para as canções de Belchior, "Como Nossos Pais" e "Velha Roupa Colorida", e para a eterna "Fascinação".

(baixar o som)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Gerson King Combo


Gerson King Combo é daqueles caras que mereciam estar num nível de reconhecimento bem mais alto do que se encontra hoje, o cara é o “James Brown brasileiro”.

Nascido no bairro de Madureira, subúrbio carioca, Gerson cantou nas bandas de Wilson Simonal e Erlon Chaves e ainda ajudou a fundar a Banda Black Rio. Mas foi em carreira solo, já com o nome de Gerson King Combo (em homenagem à banda de soul King Curtis Combo), que ele experimentou o auge de sua popularidade, como o Rei dos Bailes Black cariocas.

Músicas como “Uma Chance”, “Funk Brother Soul” e “Mandamentos Black”, são fundamentais para compreender toda sua explosão sonora, aliada, nos palcos, com seus trejeitos muito loucos de dançar que chamaram atenção de ninguém menos que James Brown em uma apresentação em algum país que não me recordo agora (Gerson conta que estava trabalhando como crooner em um navio quando, numa das paradas em algum porto por aí, soube de um show do seu grande ídolo. Não teve dúvidas, largou a turistada na mão e se mandou. Chegando lá, dançando bem em frente ao palco, o Sr. Brown não acreditou no que viu e o convidou para subir no palco. Resultado: viraram amigos e Gerson acabou ensinando alguns passinhos com balanço bem brasileiro para o mestre).

Depois do auge de sua popularidade, o cantor começou a deixar a música de lado, ao arrumar um emprego na Funlar, projeto de assistência a crianças excepcionais mantido pela Prefeitura do Rio, trabalho ao qual se dedica até hoje. Os anos 80, época na qual a mídia só tinha olhos para o pop rock brazuca, ajudou a aumentar o seu ostracismo, deste que traduziu o funk-soul do Godfather para um sotaque brasileiro - e junto com Tim Maia, Banda Black Rio, Simonal e uns poucos outros, lançou as bases do verdadeiro som black por aqui.

Em 2001 gravou o disco “Mensageiro da Paz”, 23 anos após lançar o seu último trabalho e graças a uma certa redescoberta de uma galera mais jovem, como Paula Lima, Funk Como Le Gusta, Berimbrown e o Clave de Soul, voltou a aparecer aos poucos em discos, palcos e na mídia, mas nada que traduzisse o tamanho da sua realeza.

Então segue aqui a homenagem da Cabana a esse grande preto que é Gerson King Combo. Esse álbum que posto aqui é o primeiro lançado por ele em 1977.


Elza Soares - Do cóccix até o pescoço


Filha de uma lavadeira e um operário, Elza nasceu, em junho de 1937, na favela da Água Santa, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. Aos 12 anos casou-se pela primeira vez, e um ano mais tarde, já era mãe. Aos 18, ficou viúva. Pouco depois participou do programa de calouros de Ary Barroso, ganhando a nota máxima. Depois de uma turnê com Mercedes Batista pela Argentina, no final da década de 50, Elza fez um teste e foi aprovada na Rádio Mauá. Em pouco tempo seria vista por Moreira da Silva, que a levaria para a Rádio Tupi. Nesta época gravou seu primeiro compacto, já com significativo sucesso, com a música “Se Acaso Você Chegasse”, de Lupicínio e Felisberto Martins.

Mudou-se para São Paulo onde começou a atuar como crooner. Em 1962, depois de gravar seu segundo disco, “Bossa Negra”, foi ao Chile como representante do Brasil na Copa do Mundo. Cantou ao lado de Louis Armstrong, representante americano, e conheceu Mané Garrincha, com quem se casaria em seguida. Inaugurando uma nova maneira de cantar sambas, que injetava porções generosas de jazz à maneira de cantar, sem, entretanto, assemelhar-se à bossa nova, conquistou um público fiel no Brasil e galgou temporadas nos EUA e Europa.

Atravessou a década de 70 gravando sambas com sucesso, concomitantemente ao drama doméstico do alcoolismo crônico do qual Garrincha padecia. Mané, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, vinha morrendo aos poucos vítima do álcool, até falecer de fato em 1983. A tragédia pessoal de Elza não terminaria ali: seu filho com Garrincha, Garrinchinha, morreria, ainda criança, três anos mais tarde, em conseqüência de um acidente de carro.

Estes fatos afastaram Elza dos palcos durante um longo tempo, até que, na década de 90, A negra de voz rouca e inconfundível voltaria com força renovada. Em 1997 lançou sua biografia, “Cantando pra Não Enlouquecer”, escrita por José Louzeiro, em 2000 recebeu o prêmio de “Cantora do Milênio”, conferido pela rede britânica BBC, e em 2002 lançou o aclamadíssimo “Do Cóccix até o Pescoço”, que reaproximou Elza do público jovem sambista emergente e está postado aí na Cabana.